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A “Mãe de Deus, Associação de Solidariedade Social”, fundada pelo benemérito Padre César Augusto Ferreira Cabido, iniciou-se a 15 de Dezembro de 1855, hoje com 160 anos, com a designação, então, de Asilo de Infância Desvalida, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição, que foi tomada como sua Padroeira, e destinava-se a "acolher crianças órfãs, abandonadas e pobres".

Tem a sua sede social na Rua da Mãe de Deus, freguesia de S. Pedro, Concelho de Ponta Delgada.

Os seus primeiros estatutos foram aprovados em 1857, por Carta do Rei D. Pedro V, «com o fim único de asilar e oportunamente empregar as crianças desvalidas e verdadeiramente necessitadas, sobretudo, as órfãs de ambos os pais».

Em Assembleia Geral, realizada na Casa da Câmara de Ponta Delgada, a 3 de Maio de 1856, foi eleita a primeira Direção Externa e, logo depois, criada uma Direção Interna, só composta por senhoras, as quais se ocupavam de superintender tudo quanto se relacionava com a atividade diária da casa.

A partir de 24 de Setembro de 1937, por protocolo celebrado com a Comunidade de S. José de Cluny, um grupo de três religiosas dessa Congregação passou a colaborar com a Direção do Asilo, uma vez que «não era possível na sociedade local encontrar pessoas com formação e disponibilidade para esse efeito».

A sociedade de S. Miguel apoiou, desde sempre, esta Instituição, havendo muitas famílias e instituições que promoveram festas e encontros sociais, a fim de angariar fundos para a sua manutenção, uma vez que, não havendo o recurso a subsídios oficiais, era através da caridade pública que se mantinha a sobrevivência da Instituição.

Em 1970, o Asilo passou a designar-se «Internato Feminino Mãe de Deus».

Em 1980, já na vigência do Governo Regional dos Açores, foi construído o presente edifício –sede, com instalações mais adaptadas ao desenvolvimento de um projeto de reconhecimento social e humano, como se de uma família se tratasse.

Em 2001, o Internato passou a designar-se Lar Mãe De Deus – Centro de Bem Estar Social, atualizando os respetivos Estatutos, numa linguagem e numa ação interdisciplinar que, cada vez melhor, respondesse à valorização pessoal e profissional das jovens, bem como à sua inserção na vida familiar e no mercado de trabalho.

Em 2007, o Lar da Mãe de Deus – Centro de Bem Estar Social alterou a sua denominação para “Mãe de Deus, Associação de Solidariedade Social, bem como os seus estatutos foram alterados, para, assim, permitir a criação de outras valências consideradas importantes para a Instituição e para a comunidade.

 

Quem foi Padre César Ferreira Augusto Cabido?

 

César Augusto Ferreira Cabido (1819 a 1893) – nasceu na Vila da Ribeira Grande, a 11 de Novembro de 1819. Foi o 10º filho de João Ferreira Cabido e de Inácia Leonor de Sam José Tavares. Iniciou os seus estudos na sua terra natal, como aluno dos Franciscanos, vindo depois a concluí-los em Ponta Delgada. Tinha um coração nobre, era ponderado e corajoso.

A família do Padre César era profundamente cristã, não fugindo em nada à regra daquilo que se passava com os demais habitantes da sua terra. Os seus pais, João Ferreira Cabido e Inácia Leonor de São José Tavares tiveram treze filhos, oito rapazes e cinco raparigas, estes fizeram uma grande fortuna num estabelecimento de fazendas e outras mercadorias que possuíam naquela praça e ainda cultivando as suas terras. Os filhos cresceram e aumentaram muito a sua riqueza, trabalhando as suas terras com prudência, poupando e amealhando.

César Augusto Ferreira Cabido foi o décimo primeiro filho deste casal. Mais tarde, tornou-se sacerdote e fundador do Asilo de Infância Desvalida de Ponta Delgada.

O Padre César, após a sua ordenação, enquanto não lhe foi facultado o exercício próprio do seu Ministério Sacerdotal, fez-se agente ativo, promovendo e testemunhando os valores em que acreditava. É o exercício da sua caridade para com os mais pobres e desgraçados que nos dá provas da sua misericórdia.

Dentre as inúmeras atividades, desenvolvidas pelo Padre César, nos vários campos, onde se impôs como Homem de ação, primando pela competência e honestidade na defesa dos interesses dos Açores, sempre a favor dos mais desfavorecidos, encontra-se a fundação do Asilo de Infância Desvalida de Ponta Delgada, inaugurado no dia 15 de Dezembro de 1855.

No dia 31 de Maio de 1856, em Assembleia Geral, na Casa da Câmara, foi eleita a primeira Direção Externa do Asilo, ficando o Padre César com o cargo de Tesoureiro, função que desempenhou até 31 de Dezembro de 1882. Foi eleito Presidente em Janeiro de 1883, cargo que desempenhou até ao fim da sua vida, 31 de Julho de 1893.

Era, assim, chamado o Asilo de Infância Desvalida de Ponta Delgada, pelo seu fundador. O Asilo funcionou com a ajuda de leigos até 1937 e com a orientação da Direção, altura em que as Irmãs de S. José de Cluny assumiram a responsabilidade da educação e orientação das crianças e a administração interna da instituição.

 

A Congregação de São José de Cluny

 

Como já foi referido, as Irmãs de S. José de Cluny assumiram, em 1937, a responsabilidade da educação e orientação das crianças, bem como a administração interna da Instituição, sempre com o acompanhamento das várias Direções da Instituição.

Esta Congregação foi fundada por uma Irmã Francesa, Ana Maria Javouhey, mulher determinada e corajosa, que deixou uma obra vastíssima em inúmeros países dos cinco continentes, incluindo Portugal. Foi uma missionária que se destacou por se dedicar às crianças, idosos e doentes, entre os quais leprosos, deficientes mentais e, ainda, os mais marginalizados. Foi com este espírito de serviço, fraternidade e entreajuda, de nunca baixar os braços, passando por momentos de muita dificuldade, que souberam ultrapassar os obstáculos, e contribuir para a educação de muitos milhares de jovens que pelo Lar passaram.

Em 2009, as Irmãs de S. José de Cluny, alegando a idade avançada de muitas das suas religiosas e, ainda, falta de vocações, deixaram de viver em comunidade na nossa Instituição e, em 2012, deixaram, em definitivo, a nossa Instituição.